SILHUETAS DA VERDADE
Cala o passo do caminho,
poucas folhas vão ao chão,
pousam tristes em seus galhos
aves quietas na imensidão.
Vem o vento da arribada,
carregando a terra e o céu.
desenham-se figuras paradas
no encontro do alvorecer.
O dia quebrou a noite,
cortou o presente atrasado,
desligou o passado esquecido,
zombou de momentos, calado.
Depois somou as tristezas
às mesmas ideias remotas
e deixou que todos pensassem
estar em eterna verdade.
Mas foram passageiras,
tanto as tristezas quanto as ideias
(a verdade era falsa).
Não havia certeza,
permanecia uma frieza em tudo.
O ar dormiu entre as ramagens,
não balançou curvas ou ponteios,
sentou no berço da vida,
sonhou chegar apressado
e viver mais perto da verdade.
São Paulo, novembro de 1977.