Pegadas de negro em mundo de branco
Ou vice-versa
Calhou-me o vice-versa
As minhas pegadas ficaram em mundo de negro.
Negro, dizem: ser invenção de branco colonialista
Desse branco, que ia no fundo do porão.
Dos barcos que demandavam as Áfricas
Pouca ou nenhuma instrução
Apenas na cabeça, a vontade de ser rico e, na mão
o saco com roupa comprada na feira a tostão..
E aquela tesura de aventura,
que lhe vinha das entranhas,
que lhe estava cravada na alma.
Estava farto de passar fome.
Diziam, que em terra de negro,
dava pontapé na pedra e, saia dinheiro.
A mulher chorava, os filhos
com ranho a pingar, fartavam-se de berrar
Ele pensava dia e noite em abalar.
Chegado ao porto de destino
imaginava qualquer saída.
Ali sim, diziam é que era vida.,
e, ia para o sertão.
Lá sim, ganhava-se o pão.
Arranjava uma cubata e um balcão
E ai estava o branco, a vender fuba, peixe seco
E nada barato …que a vida estava cara, dizia
a quem, nem a língua de branco percebia.
Trocava então, o sorriso abrutalhado..
Cabelo sujo a pingar como se amanteigado
Barba por fazer chinelo de dedo no pé
Uma camisola enegrecida já toda furada.
Por umas sacas de café ou jinguba
Do outro lado do balcão, o freguês,
Levava um pouco de rapé
Uma onça de tabaco, o petróleo,
e uma meia dúzia de peixes de olho remelado
tirado do atado, que o branco camionista
tinha trazido de longe da cidade.
Mas ele, também queria uns quedes.
Nº de pé? dizia arrogante e cansado
o comerciante do mato, fubeiro matreiro..
Não sabe patrão, calquer um serve.
Fubeiro em terra de negro é patrão.
Tens quimono pra muler?continuava o freguês.
Com o lápis de bico rombo, coçava a cabeça e dizia;
Pode ser,.trás outra saca de café.
E assim se foram marcando as minhas pegadas
de menina branca, de cidade
cheia de curiosidade, em terra de negro
Observando pasmada.
Ficava desesperada..
Não atinava.
E pensava:
Essa de ser colonizador
Em terra que não lhe pertence
Faz favor!!!!!!!
De T,ta