Dia de chuva
Hoje o dia despertou frio, chuvoso.
As pessoas agasalhavam-se à medida que o tempo,
impiedoso, castigava seus corpos.
Uma profusão de cores desenhava-se na estampa das
sombrinhas e guarda-chuvas.
Engraçado o frio que o baiano sente.
Da janela do meu apartamento observava
a cena da multidão que se acotovelava nas ruas,
buscando a proteção para o vento que a
tudo teimava em levar.
Saias que subiam a contragosto de suas donas,
chapéus de senhores que voavam soltos e solenes.
O céu era de um cinza profundo, quase negro o
dia era o prenúncio recente da noite.
Raros dias de chuva que por aqui passam
devastando o espírito de calor ao qual
a cidade está acostumada.
Afinal, como dizem, em Salvador é verão o ano todo.
Moldando esse quadro de cores escuras
parece que a vida passa de forma diferente em dias de chuva.
É como se o tempo passasse lentamente e as
pessoas que pisam nas calçadas molhadas
fossem meros espectadores de um dia diferente.
E os pingos incessantes que caem denotam
a alegria de um dia que será substituído
por um outro de sol forte a acolhedor.