AS MUITAS FACES DE MIM
Eu, num contido pranto,
ainda orvalhado o meu volver de olhos.
No presente, quando pura, impura, alegre, triste,
momento a momento: circunstancial.
O cheiro acre-doce de um novo dia,
um novo despertar de consciência.
Os meus grandes feitos ocultos, não publicáveis.
Fraquezas, feridas vivas expostas.
Prejulgam, juiz iníquo, o meu próximo
com a sensibilidade morta, implacável julgamento.
Despercebidos anseios, medos, fragilidade invisível.
Fortaleza aparente.
Na berlinda o meu querer, minha entrega e minha náusea.
Despercebidos aquilo que de fato,formato,
ato verossímel e questionável.
Eu trôpega, sôfrega, incapaz da entrega,
do domínio, do mimo, do arrependimento.
E capaz do sonho, da ousadia, do afago, da imprudência,
da decência e da demência no deleite,
eu e as muitas faces de mim.