BOLAS DE PANO, DE PAPEL, DE BEXIGA DE PORCO E, DE CAPOTÃO.
Minhas queridas crianças dos tempos modernos e atuais
Talvez vocês nem ouviram seus antecedentes falarem
Daqueles inusitados e não menos bonitos brinquedos!
Foram os primeiros dos seus pais, avós, bisavós e afins
Que brincavam nas épocas de infância e puberdade,
Naqueles folguedos muito disputados do interior!
Recordo que nas décadas de 60, 50, 40, 30, ....
Não existiam brinquedos eletrônicos, é lógico.
Eu, por exemplo, nem mesmo sou avô, por favor!
Realizávamos rachões no tempo do primário,
Na hora do recreio, pés descalços e dedões inchados,
No campinho de terra batida, bola de pano, sim senhor!
A criançada era pobre, porém, muitíssimo feliz
Pois brincávamos sem malícia, meninos e meninas,
E no interior paulista, Sandovalina, era de ferver!
Tinha eclusa, tinha as noites do “esconde-esconde”,
E após a espera do - “balança caixão, balança você”,
“Dê um tapa na bunda e vá se esconder” !
Eu gostava tanto de jogar bola e, acreditem,
Que chutava tudo que via na minha frente:
Era lata e latões, era laranja podre e até sapatão!
Um dia me fizeram uma grande sacanagem
Que até hoje, cá nos meus botões, não esqueci:
Ai, ai, ui, ui, dentro da bola de papel, um torrão!
Brincávamos às noites na praça mal iluminada
De “três solteiros a passear, passear, passear”
Quando eram os meninos dentro da enorme roda!
Todos batiam palmas e cantavam, os de fora também,
E após o grito do famoso “já” pelo comandante
Todos corriam e escolhiam o seu par e era moda!
Tinha, também, a brincadeira de roda
Do “passar o anel”, muitos de bijuterias
Como eram os mais usados antigamente!
Normalmente deixava com quem mais gostasse
E perguntava a um ou a uma – onde está o anel?
Se errasse saia da roda, tranquilamente!
Bonecas de pano e de retalhos de múltiplas cores,
Feitas com cabelos de crinas de equinos ou de espigas de milho.
Havia casinha de papai e mamãe; beijos na face, na mão!
No horário do recreio, e aflora-me de novo o primário,
Existiam o “pega-pega” e o tradicional - “está-que-deixa” ou
“Bisteca pavão, caiu no chão perdeu a razão”: lanches, judiação!
E relembrando desse “bisteca pavão”, certa vez, com tristeza,
Derrubei o lanche do colega, mas não vi o diretor Gilberto,
Que de surpresa, no meio da turma, deu um malfadado aviso!
-Espera aí, cabra safado, te darei já o que mereces...
Segurando a sodinha com a tampinha furada e o tal sanduíche,
Levei um tapa bem dado no ouvido, mas saí de liso!
E, finalmente, os carrinhos feitos de lata de óleo comestível,
Chassis, carrocerias e rodinhas de cascas de peroba, mais mole,
As jamantas de filtros de óleo de caminhão, puxados pelo chão!
Nos sítios a bola de futebol era mais sofisticada ainda:bexiga de porco.
Os carros de madeira para uns dez moleques, nas descidas dos pastos e muitos tombos.
Puxões de orelhas, palmatórias, ajoelhar no milho, surras de marmelo e bola de capotão!
Nota do autor: Capotão, nome que dávamos à bola de couro, industrial ou artesanal.
Jandaia do Sul – Pr., aos 12 de Outubro de 2005, Dia da Padroeira do Brasil e Dia das Crianças.
Autor:Ponga (Rua Rotary, 73 – email: adionesgsilva@pop.com.br), SPJ/009/JDS/OUT/05.