O RETRATO DE MINHA MÃE
O RETRATO DE MINHA MÃE
a) Vilson Dias Lima
Lá está o retrato dela
Na parede caiada e fosca
Amarelado pelo tempo.
De olhar faceiro e firme
Arrodeada pelos frutos
Olhando-nos de todos os lados
Tal qual pomba gira
Gira o tempo findo
Mas a saudade não finda
Aqui está o retrato dela
Dentro de peitos sofridos
Ruminando os passos passados
Relembrando a enxada aos ombros
O suor correndo pela testa
Fazendo trilha sobre a face
Levanta os olhos aos céus
Agradecida pelo pão
Pelos filhos saciados
Lá está o retrato dela
Cantando entre os arcanjos
As mesmas cantigas de ninar
Nas noites escuras sem fim
Resignada do cansaço sentido
Sorriso por toda a face
Faz-nos sorrir mesmo tristes
Os seus sete frutos aqui ficam
À espera de um dia reencontrá-la