Chuvas de Abril
Vem a chuva forte
E escorrega no telhado
Nessa tarde de Abril
Que sombria me envolve.
Traz-me a nostalgia
Aflora o meu pensar
E me faz recordar
Quando em tardes assim
O tempo era bem melhor.
Ainda era menina
Em minha terra natal
Ladeada de irmãos
Tomávamos banho de chuva.
Corríamos pelo quintal
E ficávamos embaixo da bica
E depois não satisfeitos
Corríamos no tabuleiro
Em frente a nossa casa
Numa algazarra sem fim.
O progresso naquele bairro
Ainda não havia chegado
E suas ruas ainda,
Não eram pavimentadas.
Quando a chuva caia
Tornava-se um riacho
Que galopante passava
Em busca de um lago,
Que ao longe se notava.
Quando a chuva era valente
Com raios e tempestades,
Relâmpagos que dava medo
Trovões que ensurdecia.
A nossa saudosa mãe,
Cuidadosa nos dizia:
- Cuidado: um raio pode cair!
E nem mesmo assim
Em casa nos recolhíamos
Pois o medo não conhecíamos
Só o prazer, isso sim!