ATOS FALHOS
Olho nossas coisas antigas
Envelhecido nosso intangível luar,
Dos vários tempos tão idos,
Antigas nossas coisas se tornaram,
Nosso tema afastou-se do espaço e lugar.
E no meu arremato mais triste, entendo
Perdeste e perdi meu sonhar.
Meu caminhar é tão lento, tão incerto
Meu único certo nessa vida é que vivo para te amar
Foram décadas, estranhas forças
Que nos alteraram o percurso
Nos falharam os recursos
Atos falhos, as tentativas de deslembrar
E eu lembro, que não te esqueci.
Apenas me submeti a essa espera
Envelheci, perdi seu olhar
E ainda assim, sob esse céu noturno
Uma certeza única, continuo a te amar
A lua, qual antes, ainda clareia o céu
Lança de si uma força branca, branda
E me leva torpe pelos caminhos
Sem planos, nem esboços, nem máculas
Só e anestésica de meus atos
Fatos que não me levaram
À assimilação do eu sem você
E nessa vida notívaga não há
Ação outra que não seja
A permanência desse eterno desencontrar
Que nos fez a vida.
Tantas décadas foram passadas
Tantas letras, tantos sons explorados
Tantos terminar e recomeçar reiniciados
E a única constância irrestrita
Continuar nesse eterno procurar
A vida ainda me é um ato falho
Tentativa desabrida de não me afastar
Não tornar mais lento meu caminho
E ainda assim sozinha, inda por você buscar
Dentro, infinita, no meu próprio grito
Feito lobo sorumbático, desprovido de instinto
Na sina definitiva de sempre esperar
Dividindo em silêncio com a lua terna e branca
A saudade do teu olhar.
Andrea Cristina Lopes