De Óleo e Cebola
Ela joga a cebola com cuidado na grande panela
E recua defensivamente frente à reação do molhado com o quente
Depois volta vagarosamente
E mexe vigorosamente
Cebola e óleo.
Em volta dela há um mundo todo
Mas perto dela somente quem ela quer
Somente chegam aos seus ouvidos sons permitidos
Mesmo assim sons sussurrados, tem que ser...
Ela prefere o sussurro ao uivo
Prefere o olhar sutil á palavra direta
Quase sempre tão áspera
Quase sempre tão sórdidas as palavras diretas
Ela se sente absolutamente protegida
Sente-se até forte, até com trejeitos de superior
Neste seu pequeno e vasto mundo de sons permitidos
E de cebola e óleo
Não existe nada capaz de penetrar a dura carapaça de sua vida
Nem será ninguém capaz de seduzi-la ou molestá-la
Ou feri-la com o que quer que seja
Não sabem as pessoas, e esta é sua mais absoluta arma
Que dentro da panela e fogão fumegantes
Açoitada pelos fogos e pelos todos os sons, permitidos ou não
Vive sua alma tão absurdamente feliz
Tão visceralmente calma
Tão vagarosa e vigorosamente única
De cebola e óleo.
Tavianna