De Óleo e Cebola

Ela joga a cebola com cuidado na grande panela

E recua defensivamente frente à reação do molhado com o quente

Depois volta vagarosamente

E mexe vigorosamente

Cebola e óleo.

Em volta dela há um mundo todo

Mas perto dela somente quem ela quer

Somente chegam aos seus ouvidos sons permitidos

Mesmo assim sons sussurrados, tem que ser...

Ela prefere o sussurro ao uivo

Prefere o olhar sutil á palavra direta

Quase sempre tão áspera

Quase sempre tão sórdidas as palavras diretas

Ela se sente absolutamente protegida

Sente-se até forte, até com trejeitos de superior

Neste seu pequeno e vasto mundo de sons permitidos

E de cebola e óleo

Não existe nada capaz de penetrar a dura carapaça de sua vida

Nem será ninguém capaz de seduzi-la ou molestá-la

Ou feri-la com o que quer que seja

Não sabem as pessoas, e esta é sua mais absoluta arma

Que dentro da panela e fogão fumegantes

Açoitada pelos fogos e pelos todos os sons, permitidos ou não

Vive sua alma tão absurdamente feliz

Tão visceralmente calma

Tão vagarosa e vigorosamente única

De cebola e óleo.

Tavianna

T A Vianna
Enviado por T A Vianna em 03/04/2009
Código do texto: T1521641
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