Antes de amanhecer

Antes de amanhecer não vou mais bater a porta,

Não preciso mais abri-la pois o sol vai nascer...

Mais carinhos...

Encare carente que é caro encarar que se é carente de amar... sonhar.

Não há flor pro jantar cortando-me com espinhos, não há jaula para quem está sozinho.

Tremo, triste e triunfante da dependência tua, saudade crua, mordida nua nos lábios meus... tapa na face esquerda que ruborizou a direita, o pescoço, os teus seios e a minha vontade... presente ardente, querido compasso largo da inconseqüente vontade louca tua de me beijar por toda a cena de sexo que inventastes.

Poluindo meu meio ambiente, dissolva-se. Envolto em dizeres que nunca ouvi, diria que te amo, por sentir momentaneamente que realmente, te amo.

Vivo imaginando-te, te requisito menina indecente, agora mais que eu, carente, ardente, me toca, quente.

Mulher de vida inocente, me tens demente, reticente...

Me abraça com teu jeito somente. Reduz a conta do telefone e me encontre dormente diariamente!

Vais desenhando rebuscadamente tudo o que pensares, todos os lugares, entranha tua vergonha pela segunda-feira, na sexta e me deixas só. Sábado tenho que descansar... esqueço a rotina do bar que ousei não mais enfrentar...

Se abaixares a cabeça sobrará desejo num pão de queijo vomitado, ressaca sem comprimidos, ou besteiras gástricas em um tributo verde caganeira ao teu ócio, negócio podre, fálico.

Desilusão torpe atropelada pela tua voz arranhando meus ouvidos enternecidos com o Rock and Roll, simplesmente, a essência saborosa do primitivo verdadeiro! Original!

Dançarei cada segundo embebido pelo vinho tosco do teu beijo esquecido, avinagrado;

Que apagou as luzes, riscou a parede de mármore, o tapete mágico paraguaio e nos mostrou um caminho inexistente... revoltas, reformas a dois?

Simplesmente me deixe pensar.

Antes de amanhecer pensarei na vida moderna, vou perder o sono que não tenho, vou chegar atrasado outra vez... quem chega na hora se atrasa ou perde a estória?

Eu talvez te escreva uma carta. Algumas linhas de paixão, um sim, um não!

Te mandarei um bilhete.

Suportarei a sensação de imitar o destino por fingir que consigo comandá-lo, e, estranharei as rédeas já largadas da luz vindoura... eternidade? Onde estão meus óculos escuros?

A noite longa, acorda da poesia diária idiota de qualquer imbecil e vem profunda e lisa sem se preocupar em amanhecer... entorpece, acalma e me esquece. Entristece.

Mas não te esquece.

A vida se apaixona por jornais velhos, atrizes, fantasias... acende o isqueiro pra um cigarro apagado, que agora, não se deve mais fumar.

Tememos a morte vinte e quatro horas por dia.

Tememos o medo... e, ficamos sem nos amar.

Antes de amanhecer, acordes pra viver.