*MEU BARQUINHO DE PAPEL*

Segue na correnteza implacável
Das enchentes do rio Jaguaribe
De papel tão frágil dominável
A vista alcançava num susto tibe!

Rodopiando fugiu desvairado
No redemoinho da água gigante
Levou o meu sonho abalizado
Que plantei por tempo distante

Viajou por além mar a deriva
Atravessou a ponte e destemido
Enfrentou a estiagem sob a brisa
E na enchente do Orós foi banido

Fugiu noutra direção do nordeste
Deslumbrou-se com outras águas
Deitou o olhar no azul celeste
Da imensidão do mar sem frágua

Tímido meu barquinho velejou
Trazendo da terra amada saudade
O estrume do gado o cheiro lembrou
Do canto do sabiá a sonora acuidade

Do fruto natural sabor de saúde
O sono no alpendre o vento roçando
A galinha caipira sem hormônio vide
Hei-o na terra de torpores içando

Da Fortaleza de barco errante
Meu barco pousou olhou as calçadas
Não mais arriscou velejar vibrante
A porta trancada, malícias armadas...

Sonia Nogueira *sogueira*
Sonia Nogueira
Enviado por Sonia Nogueira em 25/02/2009
Reeditado em 27/02/2009
Código do texto: T1456915
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