Janela do nono andar
Atravessada pela luz,
a janela do nono andar
fazia moldura para manhãs
de sol.
A janela do nono andar
soprava a brisa.
Suave, mas invencível,
gelava meu sono.
O meu corpo
aparecia diáfano,
mistificado pela venesiana.
Horas e horas
deitadas sob a noite.
As estrelas guardavam
todos os meus segredos.
De pé no parapeito,
ficavam desabafos.
Conversas com a lua,
reflexões no vidro.
Da janela do nono andar
escorreram memórias
coloridas
sobre a cidade.
Sonhos e ilusões
debruçaram-se nela.
Eu, uma moça à espera,
dona dos sonhos e das histórias,
Beijei o meu passado,
e disse adeus à janela.