REVOLTA
Havia naqueles anos um sonho
Que parecia um alvo
Para onde eu apontava
Uma seta.
O sonho fez-se bumerangue
E voltou-se contra mim
Entranhou-se no meu dna
Como a seta atirada
Que volta e penetra no corpo
Do atirador.
Não há mais sonho
Não há mais seta
Há apenas o alvo
Do meu olhar obsessivo
Na boca um gosto estranhamente sedutor
Ácido-amargo-adocicado
Como o vinho da jurubeba
É o sabor da vingança
Essa lâmina de dois gumes
Vertiginosamente atraente.