A GARÇA BRANCA

Numa distante tarde, foi encontrada,
muito ferida, e com uma asinha quebrada,
mas minha mulher, com carinho dela cuidou.
E quando ficou apta para de novo voar,
para seu antigo ninho, não quiz voltar,
para seu antigo ninhal, nunca mais voltou.
Passou a morar no quintal, numa mangueira,
foi por toda sua vida, minha companheira,
o resto de sua vida, aqui em casa morou.

A garça branca sentiu, e creio que sofreu,
ficou tristinha, quando sua dona morreu,
masmo assim, não quiz trocar sua morada.
Para que não me deixasse sozinho aqui,
deixava lá na árvore, a sua porção de lambarí,
antes e depois , de sua costumeira jornada.
Nas tardinhas, ou quando o céu já escurecia,
perguntava-me,será, que lá em cima ela não via,
suas amigas indo embora em revoada?

Mas numa manhã, ai que dor no meu coração,
encontrei a garça branca, caida no chão,
fiquei parado, olhando, sem saber o que fazer...
Ao lado do lago, onde pescava seu peixinho,
fui sepultando, aquele corpo tão levinho,
senti lágrimas pelo meu rosto correr...
-Vai, minha amiguinha, vai voando para o além,
vai para onde está minha mulher também,
breve estaremos juntos, eu sei que  vou morrer...

Mas lá na mangueira, um ninho ela deixou,
com dois ovos, que uma galinha chocou,
considerei um milagre, do mundo animal.
Nenhuma de suas filhas, foi domesticada,
fiz com que partissem com outras, em debandada,
voaram para sempre, para seu mundo natural.
E minha garça branca, que para o infinito voou,
Seu ùltimo voo?Não. Acredito que ela voltou,
nas noites, vejo seu vulto no quintal...
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 12/02/2009
Reeditado em 12/02/2009
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