O RIO E EU

O RIO E EU


De branco
Cobria-se o verdor da relva
que se vestia de branco
dos lençóis feitos brancos ao sol.
De seios enchia-se o rio que afogava
Os meus olhos de menino malicioso na nudez
dos variados seios das lavadeiras de roupas,
banhistas ingênuas.

Eu vivi a poluição do rio da minha infância.
Banhei-me no rio poluído
De tantos seios limpos.
E o meu rio de hoje, cheio de dejetos,
Se esvazia dentro de mim.
Eu choro sem lágrimas
A lenta morte do meu rio
Sem as lavadeiras ingênuas
Que não se banham mais
No rio poluído dentro de mim,
Que morre aos poucos.

Pablo Calvo
Enviado por Pablo Calvo em 06/02/2009
Código do texto: T1424634
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