A velha mestra
Curvada pelo peso dos anos, a velhinha
Caminha lentamente à minha frente;
Passo difícil, certamente, mas a sustinha
Aquela força invisível, aquele ânimo profundo,
Que o enfrentar das tempestades dá ao navegante
Dos mares sem deuses deste mundo!...
Parou, pensando atravessar a rua, hesitante;
Aproximei-me e, solícito, tomei-lhe a mão,
E ela se deixou levar, confiante.
No outro lado, fitou-me, e com um brilho
Novo no olhar, exclamou, sorridente:
-"Mas, Tonico! És tu, meu filho?"
Era Dona Concita, a minha mestra do primário!
Era a velha professora a lembrar-se
Quarenta anos anos depois - fato extraordinário! -
Do meu apelido familiar, detestável apelido,
Que o garoto de outrora abominava, mas que o homem
De hoje, agora ouvia, profundamente comovido!