CIRCO DE SOLEIL

Tremem sacudidos

No velho subúrbio das seis

Os espasmos compridos

Do verdureiro japonês

O andar engraçado

Do pipoqueiro esbaforido

O vomito fedido

Do rapaz em embriaguez

A figura nociva

Do pedinte em carne viva

O movimentar confuso

Do trabalhador em pruridos

O chulo linguajar brusco

Dos quatro jogando truco

O rosto forjado em mágoas

Do vendedor de copos d’água

A postura altiva e superior

Do superatento careca leitor

Um “Circo de Soleil”

Para os meus sentidos!

E eu ali, sacolejando

Naquele universo intruso...

Só o corpo era passageiro

Eu, por inteiro...

Todo ouvidos!