PASSAGEM DO ANO


O ano passou.
A vida encolheu-se
no trêmulo varal das lembranças
soltas ao vento
na poeira do tempo.
O que fui
O que fiz
tende a desbotar-se
no desgastado pano
do passado imemorial
que velhas fotografias revelam.

A noite escurece o meu sonho
que o dia revive em dourada esperança.
O tempo segue um itinerário sem retorno
A vida é que desanda.

Nada é novo
Nada ad aeternum
A pueril efêmera infância,
A indecisa adolescência
A impetuosa juventude
A duradoura velhice.
Da vida sou passante, caminheiro
rumo ao infinito Universo.

À sombra do recente, renasço
e broto botões que aos olhos e lábos do mundo
se abrem
e se arranham.
Vivo e (des) vivo desilusões
e a (re) viver prossigo.

A cada flor, cada espinho
em sangue e sal consigo
tirar pedras do caminho.

Um barco levando o meu ontem
zarpou do meu cais
levando consigo um bocado de mim, dos meus ais
a perderem-se, a turvarem-se
na lembrança oceânica.

A vida navega velozmente, voa
e leva o ano em proa, deste plano
em que facilmene se estiola, se destoa
o ser arcano.
LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 01/01/2009
Reeditado em 02/11/2013
Código do texto: T1362354
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