Minha Terra

O canto dos passarinhos tão de perto

O barulho da água que chega até à bica

O perfume tranqüilo de uma casa que é meu ninho

As portas e janelas de madeira

O telhado

O teto, esse forrado de taquara

Sempre tudo isso me acompanha

Até mesmo as cruéis testemunhas

Ma, ao mesmo tempo amigas, cúmplices

De todas as verdades

Ditas e não ditas

Vividas ou não vividas:

As rotas e gastas

Sábias janelas de madeira.

Mas tem o fogão de lenha

A espingarda na parede pendurada

A parede pintada com a tinta da terra

Da minha terra.

A chuva caindo lentamente

A ternura das gotas d'água sobre as folhas

As mimosas flores

Os sapos a cantarolar seu canto estranho

Que me remete a tudo

Ao princípio de minha vida

Ao decorrer da mesma

Ao decair das lágrimas.

E o cheiro desse lugar, da minha terra?

Uma ternura doída

Uma nostalgia

Uma vontade de voltar a ser criança

E a noite brincar de passa-aliança.

Meus avós

Na garganta um nó

Meus amigos, meus tios, meus familiares

Distantes de meus olhares

Porém, presentes, sempre

Construindo, modificando minha vida

Que ali começou

Que ali de mim tudo ficou.

Chirlei Maria
Enviado por Chirlei Maria em 31/12/2008
Código do texto: T1360860
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