TEMPO
Nada doi mais
no coração da gente
quando a saudade
que a gente sente
chega de repente
ao avistar lá na frente
a velha porteira
que se abria faceira
para adentrar
a criançada ligeira
a misturar sua algazarra
ao chilrrear da passarada.
Depois de tanto tempo,
a mesma porteira,
num arrastar lento,
rangendo um lamento,
deixa passar o silêncio
quebrado apenas
pelo som de folhas secas
que meus pés amaçam.
Um alvoroço os passarinhos ameaçam,
mas sem resposta,
voltam a pousar
para apenas olhar
a saudade passar.