Crianças de mim
Quando criança eu me procurava na adulta,
após anos espalhados, mudei minha conduta,
hoje no fundo de mim busco a criança ausente,
oculta atrás da careta que risca meu semblante,
que de sério e de frio tem um ar bem estranho,
um riso trancado querendo chorar em carinho
e um pranto explode risada abrindo caminho!
São tantas crianças confinadas em meu coração,
penduradas acima do sonho e abaixo da razão,
ora escondidas brincando com meu ego sério
cheio das rugas que o destino trouxe, que rio,
mirando as firulas que são tantas, impossível
não admirar ou incorporar tal leveza amável,
pois ela afugenta e manda longe a lamentação.
Apesar de tanta molecagem existente enfim,
ainda preciso resgatar no futuro bem próximo
alguma criança perdida dos sonhos e de mim,
querendo tentar, errar, tentar outra vez a esmo,
para de novo recomeçar a sonhar, dando razão
ao caminhar que me espera além da exaustão,
após passar chuva crespa promissora de verão!
Santos-SP-01/04/2006