A LUZ DA POESIA **

No meu desencanto

Com a noite boêmia,

Cantei muitos cantos,

Conheci o desamor...

Os acordes tristonhos

Que soavam na noite,

Desbotavam os sonhos,

Eram os acordes da dor.

Acabou-se a magia

Da noite enluarada,

Se desfez a alegria,

Não resta mais nada.

Boêmia é tristeza

Sentida no peito.

Um sonho desfeito,

Uma luz que apagou.

As águas paradas

Não movem o moinho

E na noite calada

Me sentia sozinho.

Na madrugada fria,

Cantei novo canto

E a luz da poesia

Fez voltar o encanto.

Pensando melhor,

A boêmia é ilusão.

Existe coisa pior,

O nome é solidão.

** Este poema refere-se a minha época de solteiro, em Brasília-DF, na década de sessenta.