Fim de Tarde

Todo fim de tarde é sempre assim, é tudo igual, eu só consigo me lembrar de você e esquecer de mim na varanda lá de casa, lembra?

O pôr-do-sol, lindo como ele só.

A rede que você deitava pra eu te balançar.

Tudo continua intacto, sentindo tua falta.

A brisa da tarde ovacionava o nosso amor, repelia nossas peles acostumadas com o carinho que enobrecia nossos encontros:

Mas você?

Você, que parecia ser verdade, a sintonia da realidade, soprou-se dos meus braços, como sopra uma folhinha morta da árvore ressecada pelo calor da estação. Eu não morri, continuo aqui, do mesmo jeito, no mesmo lugar, talvez um pouco cansado, de tanto imaginar onde anda teus passos. Vem o cair da noite, chega à hora de jantar, dois pratos na mesa, e só uma pessoa para o brinde da “felicidade”.

O sono desperta o sonho que me faz flutuar nas nuvens e me transformar em raio, a fim de alumiar o mundo tentando achar você.

É sempre assim, amanhece mais um dia, chega à tarde na varanda lá de casa, e eu só consigo lembrar de você e me esquecer de mim.