Cicatrizes...História...Tempo...
Tenho um calo no cotovelo esquerdo...
Resultado de tanto ler...
Apoio o queixo na mão sem perceber
Não me perco na leitura...Percebo...
Analiso a pessoa, sem querer...
Tenho os lábios secos de mudez
Raramente falo e muito escrevo...
Os lábios se abrem quando a cantar me atrevo...
Quando um sorriso leve surge alguma vez...
Pra que falar se minha mente é acervo...
Meus cabelos são desarrumados...
Caem nos meus olhos atentos...
Eles ficam como querem os ventos...
Não são como eu... Condicionados...
Movem-se fio por fio...Lentos...
Tenho uma mão cheia de calos...
E linhas da vida profundas...
De pecados imundas...
A Arte me fez criá-los...
Crio de domingo a segunda...
Meus olhos são camaleões
Ora negros, ora castanho claro,
Um olhar intenso e raro...
Capta verdades e ilusões...
Enxergar custa muito caro...
Minhas orelhas são miúdas
Escondem o ouvido deficiente
Mas com percepção eficiente...
Discerne sem nenhuma ajuda:
Na orquestra difere violino e clarinete!
Me visto muito mal...
Tecido indiano e moda hippie...
Não gosto de parecer 'chic'...
Não gosto de parecer igual...
Nem compro roupas em botique...
Tenho cicatrizes pelo corpo
Cada uma conta uma história
São feridas abertas na memória
Tornando meu passado morto
Tornando meu presente em glória!
São Paulo, 03 de Dezembro de 2008