Anos Dourados

Minhas mãos velhas tateiam às cegas,

olhos prostrados pelas duras fadigas,

mãos quentes e sempre tão sensíveis,

conhecem experiências inesquecíveis!

Ainda que mil raios de sol se apagassem,

o véu cascata de noiva não mais cantasse,

que o rugir dos mares de sal se acabassem,

morreria tão feliz como aquele que nasce,

chorando,gemendo, vou em gritos brincando,

para, e tão somente apenas mirar o sereno

em raro frescor e doçura levemente caindo,

fazendo meu semblante enrugado mais ameno!

Tropeçam meus pés calejados pelo destino

minh’alma contudo perfumada ganha asas,

vôo infinito ensaia, muito além do oceano,

transcenderá ao mundo ardente das brasas!

Se parei? Nunca.Prosseguirei sem ver o fim,

eis que o horizonte sublime não me permite,

os sinais à distância remota são vida de mim,

a mim retornando, é o futuro num presente!

Finalmente, sossegadamente, vem a calmaria

outrora sonhada,sabia que um dia ela viria,

sonhos sonhados e postergados eu mentalizo

para colher frutos no outono que tanto prezo!

Santos-SP-29/03/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 29/03/2006
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