CANÇÃO DA LUA

A noite chegou.

Descem do céu nuvens musicais

Que se deitam por sobre o mar que acordou

E se espraiou nervoso molhando os teus pés,

Antes tão quentes pisando o chão que pisávamos juntos.

Ouço agora, sozinho, a canção da lua,

A canção que era tua, que era nossa,

Que me traz recordações infinitas

Que se debruçam sobre mim

Como o mar prateado desta noite se debruça na praia deserta.

Recordo o passado, neste presente distante,

No som mavioso da canção da lua.

Lembro-me da tua voz, agora, em terras distantes,

Cantando dentro de mim:

Lua, luar, quantos peixes tem no mar?

Lua, luar, quantos peixes tem no mar...?

Quando deixarás de cantar

Para que os nossos dias sejam termináveis?

Lua, luar, quantos peixes tem no mar...

E eu fico a contemplar o invisível da tua voz.