Poema para Castro Alves
Em Castro Alves eu nasci,
mas lá não me criei.
O Gama e Brasília me acolheram.
Voltei aos quinze anos e
nas ruas de calçamento incerto,
com pedras incertas,
me apaixonei.
Nas suas ruas e noites de belas
estrelas deixei confidências,
dores do amor que
não deu certo.
Castro Alves é a minha
Itabira parada no tempo
e que só recebeu visita
minha, depois que parti,
em dias de sepultamento
de meus pais.
Lá, no seu cemitério, estão
Arlinda, Vicente e Laudelina.
Algum dia, estarei eu.
Eu, as lembranças da escola,
dos dias de festa e das
noites, ao pé da Igreja Matriz,
brindando a vida com vinho
e coca-cola.
Pecado permitido aos
pés de Nosso Senhor.
A menina de quinze anos
partiu com sua ida
para a Capital.
Hoje, procuro em remotas
lembranças a essência
daqueles dias tão distantes
no tempo e perto
de minha alma.
Castro Alves, a cidade de
um outro poeta, hoje também é
minha, da poetisa
que traça no suave branco
do papel a sua réstia
de alegria e saudade.