POETAS URBANOS
Basta-me olhar o céu,
nuvens cinzas, poluídas.
Vejo de cima, do prédio mais alto,
lá em baixo num turbilhão de buzinas;
um mar de carros.
E as nuvens cada vez mais poluídas,
a paisagem é triste, prédios, muitos prédios,
e o barulho ensandecido.
Ouço tiros... Ouço sirenes...
Bombeiro, ambulância, policia!?
É a cidade seguindo sua rotina.
E as nuvens _ como sofrem, ficam negras.
Lá embaixo sofrem os homens,
pelo ar que contaminam.
Chega a noite, pessoas apressadas,
comprimidas nos vagões do metrô
e a cidade não para.
Milhares de luzes iluminando a noite escura.
Da janela, observo as mudanças,
da cor do céu acinzentado, agora é azulado.
Da esquina onde garotos pedem esmola
e mulheres seminuas vendem seus corpos.
E eu continuo a observar o céu,
estrelas brilhantes e luzes cintilantes misturando-se.
Lá embaixo, carros e pedestres;
disputando a mesma faixa.
Observo de cima, da janela solitária do edifício cinza,
prédios cinzentos me cercam,
por todos os lados;
no alto me sinto seguro e fujo do mundo,
das ruas barulhentas, das calçadas esburacadas,
dos sofríveis telefones públicos _ sempre mudos.
Trancado em meu apartamento, apenas escrevo,
como tantos outros artistas natos,
escritor entusiasta _ é o dom _ escondendo talento...
Poetas urbanos.