Na Janela

Da rua, mirei no alto

uma janela

Lembrei de alguém lá em cima

vivendo, com o olhar adiante:

uma criança

Para se ter um mundo, pode bastar um basculante

Nem camaradas, irmãos, mais ninguém

para dizer o que haveria além do que sentia

o coração

Naquele momento, mais longe se vê

com as lentes da inocência

Nos tempos da infância tudo pode ser

um brinquedo

A pobreza, a ausência, a distância, a espera

e o aconchego, que é tudo, toda uma vida

onde não há passado, e o futuro não se apreende

Só o que se tem é...

o presente