ZUMBI, ZUMBI

Zumbi, Zumbi,

deissa ecoar o teu grito,

abra a boca, esbraveja a garganta.

Tente liberar o eu povo aflito

deste louco alvoroço.

Trabalha e passa fome.

É pouco o almoço,

e nunca tem janta...

...A energia gasta o consome...

A ambição do tráfico absurdo,

não é só do traficante negreiro,

parceria do africano nativo,

teu irmão.

Nunca foi companheiro.

Vendeu-os, fizeram-no cativo...

Seus acenstrais as primeira vítimas,

por décadas de servidão.

Vamos romper as algemas.

Ganhar a liberdade.

O sacrifício não será em vão.

A luta de muita desigualdade.

Pelourinho e tronco.

Salário e ganho real.

Direitos inexistentes.

Emprego da família.

Estrupo das mulheres,

ficam sem os filhos arrebatados dos braços,

ao nascer...

Fuga constante.

Capitão do mato no escalço.

Cachorro mateiro sardento...

Trazia-os no laço,

humilhante resgate...

...Sem paz a todo o momento.

Casa Grande é terror...

A senzala solidão...

Não se fala de amor

onde tem escravidão...

No passadp,

travessia dolorida pelo mar.

O grandioso e assustador Oceano Atlântico...

...Pestes, hipocrisia, servidão...

...Abrigados pelo majestoso Cruzeiro do Sul,

ou pelo sol escaldante

embaixo do lindo céu azul...

...Morrendo aos poucos...

Não conseguiram se amotinar,

enfraquecidos, no Navio Negreiro...

Labuta na lavoura,

de sol a sol, vida dura.

Planta, colhe, seleciona

a riqueza do império...

A vida dura é,

Negro ouro de pele,

negro ouro no paladar: - Café...

Zumbi ecoa o teu grito,

Deus demora, mais tem piedade.

Ecoa o teu grito Zumbi.

O sofrimento, bem sei, é uma eternidade,

mas no porvir o eco do grito,

é o eco da liberdade.

Goiânia, 03 de dezembro de 1999.

jurim 51

jurinha caldas
Enviado por jurinha caldas em 31/08/2008
Reeditado em 21/12/2010
Código do texto: T1154734
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