MENINA

Capa de chuva rosa,

Pulando as enxurradas,

Com cheiro de terra molhada,

Lá ia ela,

Menina dentuça, esquelética, pavorosa,...

Não! Não, se achava assim,

Na sua cabeça de criança,

Era um pouco Narizinho,

Um pouco Rapunzel,

Com sua trança,

Sempre enroscada.

Nas mãos de um menino,

Que a puxava e a enrolava,

Como fio de um carretel,

Amarrado na ponta da vareta,

Papagaio, pandorga, arraia, cafifa, pipa

Todos feitos de papel,

Subiam e se misturavam com as nuvens,

Que formavam desenhos mirabolantes,

Atleta, motocicleta, planeta, ampulheta,

Cartomante, elefante, gigante...

Que do nada desapareciam,

E do nada apareciam,

Como o pó de pirlimpimpim,

Daquela boneca teimosa,

Daquela menina feiosa,

Agora também, personagem,

Dos versos deste poema,

Que aprendeu a crescer,

Ouvindo e contando histórias,

De bruxas, fadas e duendes,

Todas essas palavras são,

Acredite você ou não,

Unidade mínima do som,

Conhecidas como fonemas!!