A velha dos bom-bons

Pessoas pra lá e pra cá...

Sábado pela manhã,

o ponto de ônibus repleto

de pessoas e caminhos diferentes.

Aquela voz chamou-me atenção,

não era uma voz jovem...

Tonalidade carregada de tempo e vivência...

"Bom-bom de morango, delícia, bom-bom..."

Ali estava aquela velha senhora,

falando sozinha na multidão.

Seu olhar implorava o preço do doce.

Para alguns sorrisos,

para outros esperança de um trocado,

tristeza...

A cesta cheia,

demonstrava seu olhar inquieto

Como jornalista,

pensei numa ótima pauta.

Mas a sensibilidade de sua idade,

despertada em mim

não caberia em uma tv.

Apenas leve e entendida seria,

nas linhas de um poema.

Com a idade aparentada

ela não vendia bom-bons,

vendia esperança...

"Bom-bom, delicioso, bom-bom..."

Doce esperança,

amarga vida!