HERRAR É UMANO
Misteriosa e complexa natureza humana
que nos faz tão volúveis, santos e profanos,
maravilhoso planejamento divino e exemplar
que nos ensina eternamente a conjugar o verbo amar
pelos nossos próprios e tão constantes erros e enganos...
Somos todos anjos perdidos
na imensidão da noite estelar,
buscando uma outra asa escondida
que recuperada nos faça voltar a voar...
Lição complexa, sofrida e complicada
que exige dedicação constante e repetida,
porque mesmo parecendo um quase nada
é simplesmente o tudo desta tão breve vida...
Somos todos eternos aprendizes nesta cotidiana escola,
na qual já entramos diplomados com o nosso amor de irmãos,
e mesmo nos desencontrando nas noites frias e confusas lá de fora,
já nos amamos, gratuitamente, até pela lembrança do toque das mãos...
Elos de amizades e de carinhos construídos tecla à tecla no monitor da solidão
e “deletados” pela nossa natureza humana num único “enter”, feito bolha de sabão...
Elos rompidos, perdidos, mas vividos!
Talvez até emocionantemente sentidos,
sob o pano dos confetes multicoloridos
das flutuantes e dançantes notas musicais
dos memoráveis e alegres carnavais
das eternas ondas das fantasias
das alegres colombinas atrizes,
anjos que nos fizeram tão felizes,
musas etéreas das nossas poesias:
Brilhantes borboletas anizes,
florzinhas dos canaviais,
raposinhas cativantes,
violetas inebriantes,
graciosas gracinhas,
pedrinhas clarinhas,
patinhas saradinhas,
gêmeas patricinhas,
bobinhas docinhas,
brisas refrescantes,
meninas lindinhas,
estrelas brilhantes,
ladies espertinhas,
bonitas roupinhas,
doces veneninhos,
lobinhas uivantes,
puros diamantes,
rosas elegantes,
gatinhas atrizes,
amigas virtuais
e etc e tais...
E seus loucos poetas alados e apaixonados,
palhaços dos circos esfarrapados,
portadores de sonhos sonhados,
maquinistas de trens azulados,
charreteiros desempregados,
príncipes azuis destronados,
gansos sem bóias afogados,
turistas banhistas pelados,
olhos castanhos cansados,
girassóis verdes assados,
beija-flores engaiolados,
maninhos desprezados,
sacizinhos empacados,
lobos maus abobados,
ciganos desterrados,
índios abandonados,
piratas naufragados,
e tantos apelidados,
malucos, carentes, alegres e sonhadores inocentes
personagens sobreviventes e descendentes
dos cupidos flechados tão mal amados
e dos últimos e românticos samurais
guerreiros dos amores descrentes
excluídos dos valores atuais...
Umanos e herrados,
ô coitados!
Das solidões, dramas e carências reais,
das verdades virtuais e enganos usuais,
das atenções, palavras e tempos dedicados,
dos carinhos sinceros e das amizades leais,
e das lembranças seladas com beijos adocicados
dessa miríade de anjos, estrelas e flores astrais....
Fica a grande lição do real confirmada no virtual:
Herrar é umano!
Mas o importante é que emoções eu teclei, versei e rimei...