Um poema a procura do autor
Este poema tem uma história.
Eu o recebi de um rapaz chamado Luigi Farinella, de Florença, Itália. Nem sei se o nome é verdadeiro.
Lembro-me que, ao enviá-lo por e-mail, ele me disse que não tinha coragem de mostrá-lo a ninguém.
É claro que estranhei, pois o poema era lindo.
Quando tentei saber mais sobre ele e sobre o poema o meu e-mail retornou, com a informação de que aquele endereço não existia.
Eu mantive o poema em italiano, até pouco tempo atrás, quando o encontrei numa pasta de rascunhos.
Seja quem for o autor desta maravilha, eu peço desculpas por não resistir a tentação de traduzi-lo.
“O Trem da minha mocidade”
Eu ti vi outro dia, por acaso.
Ouvi primeiro o ruído
Ao longe.
Depois, no princípio da noite
Tu surgiste com um farol apagado,
Velho, cansado, enferrujado.
Quando me reconhecestes
Parado em frente à estação,
Tomastes novo alento, talvez por vergonha.
Não trazias ninguém e ninguém te esperava,
Nem mesmo o chefe da estação
Com seu surrado uniforme e o inseparável apito, estava presente.
Por sorte que a noite chegara
E não podias ver minha tristeza
Quando tu paraste, lento, lento.
Então minhas lembranças
Falaram contigo:
Lembras?
Nas manhãs, quando o sol ainda não surgira
Tu apitavas e sem perder tempo subiam:
Quem devia virar doutor, quem devia dar o primeiro beijo
E quem vendia coisas no mercado.
Tu seguias feliz e despreocupado
Rumo ao mar, ao sol, ao mundo;
Algumas vezes, nas subidas,
Parecias querer parar
Porque tu levavas alguém
Que o destino não deixaria voltar.
Quantas esperanças, alegrias e dores,
Quantas risadas e quantos prantos
Quanta beleza, quantos amores
Transportastes para cima e para baixo,
Como se nada fosse.
Quando fostes embora,
Só, desconsolado, silencioso,
Tentando esconder uma lágrima,
Eu não pude nem mesmo olhar-te.
Dizem que não serves mais...
Mas tu não deves acreditar.
Para mim, velho trem,
Tu representas a juventude...
Obs: Se alguém souber quem é o autor deste texto, por favor, me informe.
Hull de La Fuente