Ponte esquecida...

Sou uma velha ponte de ferro

Por mim não há mais quem passe

Vivo esquecida no rio

Enferrujada a sofrer

Pedindo que alguém me olhe

E não me deixe morrer

Se hoje estou abandonada

Não compreendo o por quê?

Sempre uni minha cidade

E não quero perecer

Sou patrimônio histórico

E ninguém deve esquecer

Se você bem me entender

Vai ver que tenho razão

De chorar e suplicar

Seu olhar e atenção

Pra me revitalizar

E recontar minha história

Eu sou linda e charmosa

Faltam-me apenas cuidado

Me usaram e abusaram

Já não tenho mais valor

Nasci pra trazer progresso

Pra cidade do Natal

E quero sempre estar viva

Servindo a este lugar

O rio me cobra a beleza

Que o tempo me roubou

Me cobra também a alegria

Do povo que aqui passava

E as cores que inspiravam

Os poetas que me olhavam

Ponte velha é o que sou

Não tenho mais serventia

Se um dia fui tão útil

Como estou tão esquecida?

Faço parte da história

De nossa Natal querida

E sonho em voltar a ser

A ponte que já fui um dia...

***

Fátima Alves - Poetisa da Caatinga

Natal - janeiro -2008

Texto publicado no meu livro "Florescer da Alma". E dedicado a velha ponte de ferro do Rio Potengi.

Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 02/07/2008
Reeditado em 09/02/2017
Código do texto: T1062438
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.