Retrato de um beco

A condição de se entrar em um beco desconhecido

É ambientar os olhos para a escuridão que se há de encontrar.

Em um primeiro instante, os objetos que nele se encontram,

Não possuem forma, nem movimento,

E apenas se confundem com a escuridão da noite.

À medida que se apura a imagem,

Fixando a visão a um ponto de luz imaginário,

O beco veste-se de cores diversas,

Como se um balde de arco-íris fosse esparramado

Por um adolescente em pré-amor descobrindo

A energia desta força desconhecida.

Objetos não percebidos,

Vão adquirindo conteúdo e singularidade,

A ponto de serem individualizados.

O beco se transforma

Naquilo que sempre foi

E que nunca deixou de ser.