REVELAÇÕES...

A Clarice desvendou-me,

a substância in aeternum das palavras...

Seu Lispector,

fora o espectro do frescor de meu viço...

Consubstânciando-me

em difuso universo lingüístico,

cujas castas metáforas do meu ser,

acolhiam em palpitações deflagradoras

de meus mais contidos ais.

Vejo-me ainda na descoberta,

e meus anseios

deixando vestígios na pulsação.

Nas gotas salgadas de mar que fluíam,

cada palavra reveladora de infinitos,

vidas cindirdas do meu eu.

Eu a ocultava no relicário dos sonhos,

seguia-lhe os passos na literatura.

Devorava os livros com o olhar,

Dostoievski deixou-me febril,

Herman Hesse viciou-me,

e com Kafka sofri uma metamorfose.

Estava batizada,

no fogo sagrado das palavras.

Entendia o universo do ser.

Fora Clarice,

a alquimista a desnudar-me sem pudores.

Compreendi a leitura ao reverso,

e infiltrei-me no espelho da vida.

Então,

vivia em catarse,

em risos devaneios peculiares.

Tingindo de cores e sentidos,

os espaços e superfícies,

de matérias tangíveis e sutis.

E ainda assim o sou,

e ainda assim os vivo.

Mergulhando em criativo oceano,

em viagens de idéias estrelas,

onde “Amor” é a canção de além-nuvens.

Iva Tai
Enviado por Iva Tai em 16/06/2008
Reeditado em 11/10/2008
Código do texto: T1036452
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.