REVELAÇÕES...
A Clarice desvendou-me,
a substância in aeternum das palavras...
Seu Lispector,
fora o espectro do frescor de meu viço...
Consubstânciando-me
em difuso universo lingüístico,
cujas castas metáforas do meu ser,
acolhiam em palpitações deflagradoras
de meus mais contidos ais.
Vejo-me ainda na descoberta,
e meus anseios
deixando vestígios na pulsação.
Nas gotas salgadas de mar que fluíam,
cada palavra reveladora de infinitos,
vidas cindirdas do meu eu.
Eu a ocultava no relicário dos sonhos,
seguia-lhe os passos na literatura.
Devorava os livros com o olhar,
Dostoievski deixou-me febril,
Herman Hesse viciou-me,
e com Kafka sofri uma metamorfose.
Estava batizada,
no fogo sagrado das palavras.
Entendia o universo do ser.
Fora Clarice,
a alquimista a desnudar-me sem pudores.
Compreendi a leitura ao reverso,
e infiltrei-me no espelho da vida.
Então,
vivia em catarse,
em risos devaneios peculiares.
Tingindo de cores e sentidos,
os espaços e superfícies,
de matérias tangíveis e sutis.
E ainda assim o sou,
e ainda assim os vivo.
Mergulhando em criativo oceano,
em viagens de idéias estrelas,
onde “Amor” é a canção de além-nuvens.