À ESPERA DE UM MILAGRE

Meados de agosto;
Minha mãe com as mãos no rosto.

Sentada no vão da porta,
Pensamentos dispersos – vida torta.

Ao seu lado uma criança chora,
O olhar lacrimejante implora;

Pelo pão de cada dia que não vem,
Pelo pai que está muito além.

Minha mãe ali, sem caber em si; paralisada,
Bicho do mato – criança assustada.

Sem saber o que fazer,
Angústia, mais do que a fome a lhe envolver.

Então, ela me abraça, passa a mão na minha cabeça,
Clama a Deus! Quem sabe um milagre aconteça?

Ah! Minha mãe, a sua fé prevaleceu,
Deus te ouviu; um anjo apareceu,

Supriu nossas necessidades,
De repente se viu; olhares de felicidade.

Sentimos o cheiro da morte – sobrevivemos;
Esperamos por um milagre – hoje agradecemos.