DANÇA DAS CRIANÇAS

Quando nasce o dia lindo de neblina sobre da serra

e que o sol "azula" o céu aquecendo aqui a terra,

faz a festa o grito manso ao tocar o primeiro sino,

em ziguezague, calça curta, vem na frente o menino

e de olhar sorriso em dentes, no seu rastro toda fina,

rodopiando toda contente já vem chegando a menina

e em seus passos bem atrás, como abelhas em disparada,

tropeçando, atropelando, gingando, surge toda a meninada.

Nem bom dia ou como vai dizem elas para ar.

Só se ouve em coros, ensaiados, do que vamos brincar?

E corre-corre e pega-pega em conflitos, sem parar,

irradiam o verde pátio, com os pezinhos a bailar.

Ouve-se um intenso lamento quando toca o segundo sino.

Entra devagarinho a criançada, a menina e o menino.

Nem é o sol, mas brilha... Não é chuva, mas é bela.

Vem depois dos pequeninos como flor na passarela.

O silêncio respira o ar, os corações todos agitados.

- Bela senhora, pensam os meninos, estou por você apaixonado.

As meninas enfeitiçadas, já aprendem a envaidecer:

- Minha linda professora ao crescer, assim quero ser.

E o sino toca outra vez e organizados, saem bonitinhos,

pra lanchar a merenda, tornam-se todos anjinhos,

mas depois de satisfeitos, antes de tocar o sino,

corre tanto a criançada, a menina e o menino.

No retorno, tão cansados, com fadiga e atenção,

a meninada sentada rabisca a lição.

-Professora, professora, que me cansam tantas linhas,

que depois em minha casa não dá tempo pras "farrinhas".

-Vão pra casa, meus amores. Está na hora de soar o sino,

tenham um bom dia criançada, pra menina e pro menino.

E faz a festa o grito manso. Vai-se embora a meninada.

Gritando, atropelando, tropeçando, como abelhas em disparada.

Nem um tchau ou até breve, nem dá tempo pra brincar,

só o sol azulando o céu e poeira pelo ar,

Bem atrás, seguindo o rastro, vem a Amada e o Valentino,

de mãos dadas vêm sorrindo a menina e o menino.

do livro Meninas e Meninos, Editora Topázio-2006, Araras-SP

Sérgio Prado