O Menino e a Gaivota
( Em Verso & Prosa )
— Olha, pai, a gaviota!
— Não é "gaviota", filho...
— É gaivota que se diz.
— Ah, sim! Agora aprendi...
gaivota, gaivota, gaivota!!!
E riram juntos, pai e filho.
— Quer fazer uma rima, filho?
— Quero — Disse animado ...
— Só mesmo um ser idiota
não protege a gaivota!
Rimou o menino com um ar feliz.
O pai sorriu com calma,
o vento bagunçando os cabelos, a alma,
e apontou o céu meio lilás,
onde a ave cortava o ar
com asas largas e em paz.
Na praia dourada, o menino escutava,
enquanto o pai, com voz mansa, ensinava:
— Vê esse mar que dança e canta, filho?
Ele guarda segredos, é vida que encanta,
mas sofre, às vezes, com lixo e descuido,
com óleo que vaza, com gente sem juízo.
— E a gaivota? — perguntou curioso.
— Também sente tudo, o mundo é um só.
— Quando o mar está triste, ela voa mais só.
— Se o peixe escasseia, o ninho esvazia,
e o encanto da praia perde a alegria.
Não pensou duas vezes, olhou seu baldinho, cheio de plástico, tampinha e lixinho.
— Pai, vou limpar a natureza! — falou decidido.
— Ela merece um mundo mais lindo!
E ali começaram, de mãos bem unidas,
a salvar um pouquinho daquelas vidas.
O mar agradeceu com uma onda serena,
e a gaivota voou, junto a outra, pequena.
— Então é “gaivota”, né, pai? —
— É sim, filho… é assim que se fala.
— Olha, pai, tem uma pequena! Acho que ainda é filhote, aquela.
E o menino, fitando o horizonte...
Pensou...Pensou...
— Deve ser como eu —
— Que sorte a dela!
Fim.
MARCANTE, Alexandre.
( As Aventuras do Menino Verde ).
ams©️Publicações & Casa das Letras.
Todos os direitos reservados.