Futiversos: poesia da bola
O papai presenteia sem demora,
a camisa do time de coração,
quando a criança que chora
e chega no mundo, é muita emoção!
Futebol é cartaz,
brasileiro que nasce, logo cedo aprende,
na alegria que faz,
e a mamãe bem entende.
No quarto de infância, na parede da aranha,
o bebê já chuta a bolinha de meia,
no cantinho a apanha,
ou é esfera de borracha onde rede é a teia.
Olha o céu lá no alto,
campo imenso como a rua,
as estrelas, num salto,
porque a bola é a lua.
Nos campinhos de mesa,
os botões de plástico reluzente,
aprendem os meninos, que beleza,
as regras do jogo, estratégia presente.
É a bola que rola,
alegra o coração,
vai para o pátio da escola,
não importa em que chão.
Vão meninos para a esquina,
jogar sem demora,
paixão que ilumina,
primavera no hoje, sensação no agora.
Para as metas, as traves,
colocam-se dois chinelos,
pois não querem entraves,
espaços laterais, paralelos.
O goleiro estica o sonho,
impede a cabeçada e se impõe,
ao ataque do centroavante risonho,
no escanteio aonde o sol se põe.
Em Minas, as crianças,
sonham com o Mineirão,
alegres e belas esperanças,
em ser Reinaldo, o Hulk, um Tostão.
Lá no sul, terra vasta dos pampas e terrão,
futebol de raça, coragem, um luxo,
onde surgem Renato, Figueroa, Falcão,
gurizada quer ser muito mais Ronaldinho, o bruxo.
No Rio das praias e do mar aberto,
domingos de areia e sol,
brincam como Zico, Garrincha, Fred, Roberto,
no estádio lotado, Maracanã, mágico futebol.
Na grande cidade chamada de Sampa,
jogaram Rivelino, doutor Sócrates, Raí, Neymar,
bola corre no asfalto quente, na rampa,
Morumbi, Pacaembu, torcida na garoa à vibrar.
A Bahia, estado colorido de gente esperta,
jogam “baba” e dançam capoeira no terreiro,
onde nasceu Castro Alves, o poeta,
teve Bobô, tem o Vitória e hoje Everton Ribeiro.
Das “peladas” no sertão para quem tem coragem,
tem o Náutico, apelidado Timbu,
Sport, Santa Cruz e os arrecifes de Boa Viagem,
em Pernambuco é futebol com Maracatu.
E o talento moleque joga descalço,
quem tem calçado é quase sempre perna de pau,
finta todo o outro time, cracaço!
pronto para ser Pelé, Ronaldo, um fenômeno, Messi imortal.
Nas gargantas infladas,
na canela ralada,
mãos espalmadas,
chuta a redonda, meninada!
O partida tem canto,
imagens da memória,
sentimento, encanto,
na aventura da História.
Muito mais que emoção,
nas fileiras de corrida,
hoje alegria, gols, canção,
essa paixão comovida.
Nos campinhos da vida,
ou nas quadras sem grama,
emoção garantida
pela glória que inflama.
Como a laranja de uma camisa da Holanda,
que é cortada em duas partes,
o tempo da partida é que manda,
são dois gomos de momentos, duas artes.
A primeira metade que cai,
quarenta e cinco giros no ponteiro,
e segunda, ansiosa, se vai,
no estufar e o gol do artilheiro!
Assim as luzes se apagam,
nos noventa minutos de graça,
o campinho ou o estádio se abraçam,
na volta olímpica de uma taça.
Molhada de suor, a camisa,
à tardezinha ou à noite é finda,
e o futebol, que é escola, avisa:
muito bom ser jogador e como a vida é linda!