POEMINHA
Senhor do tempo
Das flores e do vento,
Faz de novo meu pião
Rodopiar na palma da minha mão;
Traz meu carrinho de ladeira
Feito por minha mão,
Para nele descer a ladeira
E ser o campião;
E se não for pecado manda também
Minha “atiradeira”,
Prometo pelas barbas de Matosalém
Não as de Maomé,
Que destas não dou fé,
Não atirar pedras nos passarinhos
Seres tão inocentes e lindinhos,
Que só gostam de cantar
Para vos louvar e a nós alegrar.
E se não for pedir demais
Também o pífaro de barro pintadinho
Mais a cornetinha de latão
De lindas cores a reluzir,
Que eu ganhei do meu pai
Comprado na Feira das Alminhas
Da Ariosa,
Para eu todo prosa
Tocar na linda procissão,
Em honra a Santo António
E também a São João.
Depois, lá no meu quintal
Ensaiar outras melodias
Que guardo em segredo
Pra inveja das cotovias
E do outro passaredo.
Ed.AF