A lição do Pequeno Príncipe
Na vastidão colossal do deserto
Onde o sol queimava forte
e ninguém se via por perto,
Uma aeronave despencou,
O piloto, por pouco, da morte escapou
Mas sozinho se sentindo, sentou tristonho e chorou.
O perdido viajante, fraco e sem norte
Acreditando que sua história teria ali um ponto final
Uma doce voz ouviu ao longe, como um sonho que anunciava sorte
em meio a todo aquele areal.
Por favor, desenha-me um carneiro, saudável e forte
não podia acreditar, que o estranho pedido era mesmo real.
Um pequenino menino, de cabelos dourados
Com olhar de candura e reflexos perolados,
Tal qual brilhantes luzeiros em um céu estrelado.
Que trazia no peito o crescente anseio de conhecer novos amigos para estar a seu lado
Os procurava com esmero pois tinha o desejo de ser cativado.
O amor já conhecia, por sua rosa, vaidosa, jovial e bela, de quem sempre cuidava de bom grado.
Adiou então, o piloto, o conserto que fazia,
para poder atender ao principezinho, cujo olhar lhe constrangia
Desenhou três carneiros, mas nenhum deles foi aceito.
O primeiro estava doente, o segundo, muito velho
o terceiro era um bode, como pode?
Desenhou então uma caixa e disse que o carneiro estava dentro.
Ah! Finalmente, o carneiro que precisava, não poderia ser mais perfeito!
Com o piloto, o principezinho logo buscou proximidade,
Contando-lhe com detalhe sobre as suas viagens,
Dos planetas e de seus habitantes, narrou a diversidade
Cada qual mais tolo que o outro, entre aqueles que conheceu em suas paragens:
Tinha um que acreditava as estrelas possuir, que disparate!
Um rei que sem súditos governava,
Um vaidoso, outro bebarrão,
Outro que dia e noite, apenas trabalhava, acendendo lampião
Todos eles desatentos ao que realmente importava.
Ficava entediado com assuntos do mundo sério dos crescidos
Pois carregava consigo a sabedoria das crianças,
Com a leveza de quem voa na cauda do cometa da imaginação, de sonhos lindos
E com a sinceridade das mais puras esperanças.
Resolveu seguir na empreitada de conseguir novos amigos,
Uma linda raposa astuta, abundante em esperteza e prudência
Breve uma lição lhe ensinaria, que não viria de livros, nem de artigos da ciência.
Seu coração era como um baú, cheio de histórias e confidências,
Ela dizia: para um amigo cativar, laços precisam ser feitos
Através de gestos de bondade e de carinho, em um ritual de paciência,
Respeitar o limite, o tempo e o espaço do outro,
É o que torna o trivial, especial,
afinal, a arte da convivência
Só se aprende na vivência, pouco a pouco.
Somente com o coração é possível ver
Aquilo que é essencial
Amor, amizade, lealdade, solidariedade, empatia, o perdão...
O segredo da raposa propagado deve ser
Cada um que nos cativa, se torna único no mundo, mesmo diante da imensidão
Tem seu espaço reservado dentro de nosso coração.
Que a história do principezinho nos inspire a voar,
Como um farol na escuridão deste mundo a brilhar,
Seja a fé no amor e na amizade a nos guiar,
Assim, como o Pequeno Príncipe, em sua contínua jornada ,
Mantenhamos viva em nós a chama da inocência,
Da infância a mais pura essência.