A FLAUTA MÁGICA XII -- FINAL

A FLAUTA MÁGICA XIII

Antes que possam de algum modo reagir,

são lançados às trevas exteriores,

entre relâmpagos, trovões e tempestades!

Vazio do mal que vira antes nutrir,

fica o palácio livre de temores,

sem que as bruxas jamais possam retornar

e finalmente irá o casal ali habitar...

E Monostatos? Vai pagar por suas maldades!

Só então Sarastro chamou a Papagueno

e lhe trouxe de volta Papaguina

e se abraçaram e começaram a dançar...

“Você ganhou o meu perdão mais pleno

e lhe darei recompensa muito fina...”

“Senhor Sarastro, se pudermos nos casar,

nada mais precisará recompensar...”

E se puseram ambos a cantar...

“Primeiro, um pequeno Papagueno,

logo a seguir, uma Papaguenazinha

e depois, mais um casal querido;

trabalharemos para um futuro ameno:

vida feliz assim nos avizinha!...”

Porém disse Sarastro: “Outros planos

eu concebi: fá-los-ei seres humanos,

pois Papagueno mostrou à luz ter preferido!”

Então Sarastro lançou encantamento

e em bocas os seus bicos se mudaram;

penas e cristas em roupas se tornaram

e um sacerdote lhes trouxe, num momento

novas vestes, enquanto as penas se guardaram,

como lembrança do que tinha sido

o casal humano por amor mantido,

com muitos filhos que na Luz criaram...

EPÍLOGO

“Nem todos podem aspirar sabedoria,”

disse Sarastro, “mas eles são o sal da Terra

e de seus frutos usufruir merecem...”

O outro casal já ao templo se acolhia,

comemorando-se a vitória nessa guerra,

como iniciados na senda do Saber,

a qual só uns poucos conseguem percorrer,

enquanto as bênçãos da Luz sobre eles descem...

Falou Sarastro: “As suas provas já passaram

e posso agora celebrar seu casamento...”

Falou o Príncipe: “Não é reclamação,

mas da prova do Silêncio dispensaram

minha bela noiva... Por que tal liberamento?”

“Quer submeter ao Silêncio uma mulher?

Vasta maldade, que não poderá sequer!...

Fique feliz por obter-lhe o coração!...”

Schikaneder, o autor do libreto, não somente o escreveu, como foi cenógrafo, cenarista e desenhista dos adereços e fantasias, algumas das quais ele mesmo costurou. A FLAUTA MÁGICA era destinada ao teatro popular e a música de Mozart alcançou grande sucesso, mesmo que houvesse muitas incoerências no libreto, mas isso é perfeitamente aceitável no mundo da ópera, haja vista, por exemplo, o libreto de Il Trovatore de Verdi. As letras são pretextos para os compositores escreverem lindas melodias. Em minha versão retirei muitas impropriedades e repetições. Uma das principais objeções é a de que Sarastro não mandaria a própria filha cruzar um vulcão e um redemoinho, portanto as “provas” eram apenas mágicas e simbólicas. Nas “postas em cena” a simbologia maçônica é frequentemente explicitada.