A FLAUTA MÁGICA IX/X

A FLAUTA MÁGICA IX

“Mas prometeram-me uma noiva bela!...”

“Se não consegue a própria língua controlar,”

falou-lhe o Orador, severamente,

“como pode controlar a uma donzela...?”

Antes que possa de novo perguntar,

a noiva prometida vai-se embora...

Ele se põe a queixar-se nessa hora,

mas já na prova falhará totalmente!...

Os sacerdotes declararam a Tamino:

“Já superou o primeiro julgamento.

mas permissão ainda não tem para falar!...”

A flauta lhe devolvem e um menino

entrega ao outro as campainhas; e alimento

é colocado sobre uma grande mesa;

Papagueno vai servir-se, com certeza,

porém Tamino quer sua flauta dedilhar...

Então Pamina é trazida à sua presença

e um ao outro precipitam-se nos braços;

porém Tamino, às perguntas que lhe faz

nada responde e ela fica tensa,

desvencilhando-se assim dos seus abraços,

nessa suspeita de que não a ama mais,

pedindo a morte, por sofrer demais;

mas sua promessa Tamino não desfaz!...

Os sacerdotes ordenam a despedida,

mas seu silêncio o príncipe mantém,

mesmo sofrendo ao ver Pamina desolada.

Sozinha, lembra da adaga, desvalida,

e então pretende se matar também!...

Mas os Três Pajens vêm-na dissuadir,

tirando a adaga para o ato lhe impedir

e lhe garantem ser por Tamino amada...

A FLAUTA MÁGICA X

Enquanto isso, o pobre Papagueno,

que falhou em seu teste, inteiramente

se consola: “Queria só ter companheira...

A sua velhice é um cruel veneno,

mas os dois nos trataremos gentilmente...”

De imediato, a velha reaparece,

mas está tão feia, que Papagueno esquece

que a sua frase anterior foi verdadeira!...

Falou Sarastro: “Que permanece ainda vejo

sob a influência perversa da Rainha...

Então terei de mandar encarcerá-lo...”

Mas perante a ameaça que se enseja,

olhou direto nos olhos da velhinha

e declarou: “Vejo agora o interior

e sei poder tratá-la com amor...

Pois com ela casarei, sem mais abalo!;;;

“Pois então, beije sua noiva, meu amigo...”

disse Sarastro, “e prove o que me diz...”

Mesmo engolindo em seco, Papagueno

nos lábios murchos procurou abrigo

e a beijou como a um marido bom condiz...

No mesmo instante, um milagre a transformou

e em bela jovem a velhinha se mudou,

tornados doces os lábios de veneno!...

“Sou Papaguina,” disse-lhe a donzela,

que era em tudo a ele semelhante.

com penas verdes, embora a crista bem menor

e um bico delicado de ave bela!...

Mas o Orador a arrebatou, no mesmo instante:

“Você terá de passar por outra prova,

já que falhou na primeira, embora o mova

por sua noiva agora um certo amor!...