A FLAUTA MÁGICA VII/VIII
A FLAUTA MÁGICA VII
Elas desistem, enfim, e vão embora,
porem Pamina ao castelo retornara
e ali adormeceu no seu jardim.
Monostatos aproximou-se nessa hora;
contudo, ao ver que a Rainha ali chegara,
foi esconder-se para ver o que acontece:
e a Rainha, dentro do sono em que padece,
à filha deu adaga: “Vá matar Sarastro, assim!”
Ela concorda, ainda adormecida,
sem saber o que disse, realmente,
e esconde a adaga sob as vestimentas.
Tão logo vê a Rainha de saída,
Monostatos, em desejo contundente,
procura a adaga, porém ao apalpá-la,
consegue só com o toque despertá-la
e é repelido com frases violentas...
Mas Monostatos lhe diz que a escutou
quando a Sarastro prometeu matar,
com a adaga que lhe fora fornecida.
“Dê-me um beijo, ao menos...” – suplicou.
“Senhora minha, eu a quero desposar,
mas se recusa meu amor e proteção,
denunciarei a Sarastro a sua traição!...”
Só então a adaga é por Pamina percebida!
“Viu agora? Não adianta mais negar!
Eu assisti quando a Rainha lhe ordenou
e então matar a Sarastro prometeu!
Dê-me o beijo que lhe estou a suplicar
e mais a adaga que sua mãe hoje entregou
e ainda jure que me aceita em casamento!...”
Porém Sarastro apareceu nesse momento
e a Monostatos de seu jardim correu!...
A FLAUTA MÁGICA VIII
“Sei muito bem do que aqui aconteceu...”
“Eu nem sabia o que estava dizendo,
Senhor Sarastro, mas por que matar pretende
a minha mãe?” Então Sarastro respondeu:
“Vingança alguma contra ela pretendo:
eu sigo a senda da sabedoria
a qual nenhuma maldade acolheria,
mas só a Luz diariamente acende...”
“Mas não deseja também me desposar?
Não foi por isso que me raptou?...”
Sarastro respondeu-lhe, sorridente:
“Com uma filha ninguém pode casar...”
“Como assim?” – a princesa se espantou.
“A Rainha é sua mãe, mas sou seu pai
e numa bruxa transformá-la vai;
só retirei-a de sua maldade permanente...”
“Mas e Tamino, que ela me enviou...?”
“Se demonstrar ser-lhe um digno marido,
eu mesmo celebrarei seu casamento...
Submeter-se a três provas aceitou
e por enquanto, a tudo tem vencido;
tenho certeza de que triunfará
e que sua mão então merecerá,
após passar por tal santo julgamento!”
Com Papagueno, Tamino a um salão
havia sido conduzido e intimado
a continuar em silêncio por mais tempo;
Tamino vence sempre a provação,
mas Papagueno já não fica mais calado
e finalmente pede a alguém um copo d’água;
uma velha o atende... e tem a mágoa
de saber que é sua noiva... Ai, contratempo!