NASREDDIN E A NOIVA 11/12

NASREDDIN E A NOIVA XI – 26 JUL 2022

“Conheço bem a sua reputação

e igualmente a de sua filha tão formosa:

a nenhum pretendente aceitarão

que não o vença numa disputa honrosa.”

“De fato, deverá ser inteligente,

não precisa de ser rico, que bastante

tenho para nós, nem nobre ou comandante,

embora espere que seja bem valente!”

“O Grão-Turco tem morada bem distante,

lá em Istambul e o presente Emir

é indolente, sem cobrar constante,

somente as taxas que a lei lhe permitir,

seus cobradores têm até certo receio

de virem incomodar a nossa gente,

mas é preciso se vigiar frequente,

um novo Emir talvez aja bem mais feio!...”

“Dizem que um ogro mora perto do regato

e há salteadores vivendo na montanha,

lobos e ursos surgem desse mato,

sempre é possível de janízaros a sanha! (*)

Por isso o noivo deve ser inteligente

o suficiente para me engazopar

e conseguir a Zalina controlar

e ao mesmo tempo ser homem bem valente!”

(*) Soldados de um regimento de elite turco.

“Da Sérvia os Turcos há tempos expulsamos,

mas ainda existem por lá linces e lobos;

os salteadores sempre executamos,

mas há um mago a nos fazer todos de bobos...

Nada é perfeito. Mas se não se incomodar,

retornarei dentro de algumas semanas,

talvez lhe traga até razões para os Proclamas

com o pretendente que lhe vier apresentar!”

Logo a seguir Vladek se recolheu

no quarto que lhe fora destinado;

no dia seguinte, numa tina se meteu,

com água morna que lhe haviam preparado.

Depois desceu para tomar o seu café,

Que o Café Turco realmente é saboroso,

despediu-se de anfitrião tão prestimoso

e descobriu não precisar de andar a pé!

NASREDDIN E A NOIVA XII – 27 JUL 2022

“Mandei lhe albardarem bom cavalo,

não é tão perto assim até o povoado...”

“Caro amigo, não queria incomodá-lo!”

“Nenhum incômodo, será fácil enviado

por uns amigos que tenho lá na aldeia...”

Vladek montou, um tanto constrangido,

mas o cavalo o aceitou sem um nitrido.

“Devo chegar ao povoado antes da ceia!”

De fato, Vladek não havia mentido,

realmente possuía na aldeia montaria;

providenciou que fosse logo devolvido

o cavalo, que deixou na estrebaria.

Mas não podia para a Sérvia retornar,

queria primeiro conversar com Nasreddin

e por caminhos travessos foi assim

até o pasto em que o havia de encontrar.

Sem dificuldade localizou Nasreddin,

que tocava em sua flautinha melodia...

“Salve, pastor, tocaste bem assim!”

“Foi a flauta que me deu toda a harmonia.”

“Está certo. Para suas cabras há bom pasto?”

“Quando têm fome, elas comem muito bem,

pastagem verde as ovelhas têm também,

mas vou cuidando que não deixem grande rastro.”

“No outro dia, visitei uma fazenda...”

“Fizeste bem. Tenho certeza de que o caminho

te levou até lá na mais correta senda;

como estás bem, teu passo foi certinho...”

“O fazendeiro mandou uma ovelha degolar...”

“Chegam visitas, algo tem de oferecer;

aqui no pasto não é preciso assim fazer,

porém fazenda é lugar de se jantar...”

“É o lugar em que mora a tua Zalina...”

“Só podia ser, por que viria me contar?

E deve estar saudável a menina,

senão teu rosto me haveria de informar...”

“Eu fui a pé, mas depois saí a cavalo...”

“Já notei, mas não foi por isso que aqui está,

vejo o brasão que em tuas roupas há,

portanto é teu, não precisaste de roubá-lo!”