A FADA DO RIO 15/16

A FADA DO RIO XV

Foram votados os dois à perdição!...

Rusalka retornou para a água fria,

enquanto Levko, sem querer, partia

e se lançava à plena escuridão...

Pois se tornara um gênio da floresta,

sem alma e sem amor, sempre vagueando,

sem pouso e sem descanso algum gozando.

E o Rei do Rio só balançava a testa,

Dizendo só haver futilidade

em quaisquer sacrifícios dos humanos:

"Ninguém pode superar os maus arcanos,

nem mesmo os seres mais cheios de bondade!"

Porém Rusalka ainda evitava fazer mal,

enquanto ia, aos poucos, definhando...

E pelos bosques Levko ia vagando,

desde esse beijo da morte tão fatal!...

Porém, um dia, encontrou um homem morto,

muito pálido e sugado até exangue:

algo lhe havia chupado todo o sangue,

por maldade, por fome ou por desporto.

Durante as noites, ele ouvia um pranto,

que não sabia bem de onde provinha...

Mas noutro dia, escutou uma ladainha

e foi em busca de onde vinha o canto.

A FADA DO RIO XVI

Havia um homem parado no caminho

e um menino à sua frente, olhos imensos,

que insistia, em mil pedidos tensos,

que o batizasse, por estar muito sozinho!

E o homem replicava não poder:

não era padre, monge, nem abade...

Terrível cólera então o menino invade,

que de um salto sua garganta foi morder!

Saltou Levko, com ainda mais destreza:

puxou a criança do homem assustado.

Ela se debatia, até que, superado,

os dentes desprendeu da infeliz presa.

Saiu o homem, correndo amedrontado,

enquanto parava o menino de lutar

e se encolhia, num infeliz chorar,

acusando Levko de o batismo ter negado...

"Como assim?" Levko quis então saber.

"Eu me afoguei, sem ter sido batizado,

fui a vaguear pela praia condenado,

até que possa meu batismo receber...

Queria beber o sangue do viajante,

para beber com ele o meu batismo!...

Você não me deixou!... Por seu egoísmo,

vou ter de achar mais um outro caminhante!"