A flor da primavera
Nos vastos jardins de esplendor,
Dentre todas as flores da primavera,
Existe uma flor em especial,
Que apesar de toda a dor,
Nada lhe causa mal.
Essa flor especial,
É capaz de até mesmo vencer
O verme de lodo mortal.
Para ela, não a espantava perder,
Ou ganhar,
O que ela queria era tentar.
A história dessa flor
Todos do jardim sabiam
E ficavam admirados quando a viam,
Pois havia superado a dor.
Por meio de botânicos alemães,
Souberam que essa flor
Era órfã de mãe.
As flores da primavera sentiram dó,
Pois já sabiam que a única família dessa flor
Era a sua avó.
Cresceu, um tanto solitária,
Brincando com todas as palavras.
Ela, porém, não desistia,
Pois tinha fé de que a situação mudaria.
Essa flor amiga
Foi reconhecida,
Foi premiada,
E com várias honras condecorada.
Essa flor que parece de ferro,
Começou a ensinar com esmero
Todas as sementes do jardim.
E isso a deixava feliz.
E assim como sua mãe
Tornou-se professora,
E se esforçou em ser,
Tão nobre educadora
Como o lírio Piaget.
Apesar de crescida,
Durante toda a sua vida
Ainda ficava encantada
Ao brincar sempre com as palavras.
Essa flor de esplendor
Que até então, sozinha,
Casou-se com um cravo pintor
E teve três lindas florzinhas.
Mas, um dia, sem esperar,
A flor perdeu seu companheiro:
O nobre cravo pintor.
E de novo, ela sentiu dor.
Depois, novamente se casou
Com um mate engenheiro
Chamado Heitor.
Daí, ela de novo se alegou.
Então, essa linda flor,
Um dia resolveu ser jornalista
Para escrever sobre a situação
Da educação
Dos jardins de esplendor.
Em todo o tempo em que estava viva
Essa flor,
Sentiu a dor,
Mas também sentiu a alegria.
Essa flor primaveral,
E também especial,
Na qual nesse poema lemos,
Que possui cheiro agreste
E reluz sob luz celeste
Não é nada mais, nada menos
Do que Cecília Meireles.