Desvendando a literatura - Parte II - Do Arcadismo ao Parnasianismo

[Governador]:

Já achou ouro aí?

[Garimpeiro]:

Ainda não.

[Governador]:

Ah, tá.

E agora?

[Garimpeiro]:

Eu já disse que não.

[Governador]:

E agora?

[Garimpeiro]:

Não!

Pare de me incomodar!

[Governador]:

Seu chato!

[Garimpeiro]:

Espera aí!

Agora sim!

Achei! Achei!

[Governador]:

Achou?

Então, vai lá buscar!

[Garimpeiro]:

Não dá.

[Governador]:

Mas, por que não?

[Garimpeiro]:

Porque tem gente se queixando,

Impedindo e relutando

Para que o ouro esteja sob o nosso comando!

[Governador]:

O quê?

[Garimpeiro]:

Calma, eu explico

Critilo e Doroteu.

Doroteu é amigo de Critilo,

E Critilo amigo de Doroteu,

Doroteu vem de Dorotéia,

E Dorotéia era amor de Critilo

E Dorotéia também era Marília

Amor do Dirceu

Que era o Critilo

E não o Doroteu

Resumindo,

Critilo é o amigo,

Amigo do Doroteu,

Que amava Marília

E que também tinha nome de Dirceu

E Doroteu

É o amigo,

Amigo de Dirceu,

Que também era o Critilo,

Amigo do Doroteu.

E ele veio da Dorotéia,

Que também era a Marília,

Amada do Dirceu.

E por isso,

O amigo de Critilo

Se chamava Doroteu.

E ele era amigo dele,

E o amigo dele era ele.

Os dois moram no Chile

E trocam cartas várias vezes.

E o Fanfarrão era o Minésio

Que também era Menezes.

Daí, Critilo virá Gonzaga,

Que também era Dirceu.

Doroteu virá Claúdio

Que é amigo do Dirceu.

Vila Rica era Santiago,

E Minas Gerais virá Chile,

Onde também ficava o Menezes,

O Critilo e o Doroteu.

Entendeu?

[Governador]:

Hum. . . Nada.

[Garimpeiro]:

Depois você vai entender,

Porque. . .

[Juca Pirama]:

‘Porque vamos abandonar a velha escola

E tomar o mundo feito Coca-Cola.’

[Peri]:

Passando pelos arcáquios

E também os neoclássicos,

[Juca Pirama]:

Vai chegar no Brasil o Romantismo

Com escritores românticos e um monte de “ismo”

[Varela]:

Parou essa parada!

[Castro Alves]:

Vamos arrumar essa empreitada!

[Varela]:

Chega de Romantismo,

Vamos a tona com o Realismo

De modo objetivo,

[Castro Alves]:

Para ver a realidade,

Da sociedade.

[Varela]:

Agora a coisa vai mudar!

[Castro Alves]:

Isso vai ser assim!

[Varela]

Por isso, está na hora de entrar o. . .

[Castro Alves]:

. . . Machado de Assis!

E o mestre Machado

Vai dividindo as águas da literatura.

Dos poemas ao Dom Casmurro,

Eu percorro num segundo

E então encontro

O Parnasianismo passando pela rua.

Os 3 mosqueteiros parnasianos

Vão numa mecanizada carruagem.

Conduzidos por Bilac,

Fazem só arte pela arte,

Até se chocarem numa árvore.

[Correia]:

Cuidado, Bilac!

Cuidado!

[Bilac]:

O quê? Com a métrica?

[Oliveira]:

Não! Com a árvore!

[Bilac]:

Xii! Eu bati o carro!

[Oliveira]:

Seu barbeiro!

[José do Patrocínio]:

Não! Não!

Olavo!

O que você fez com o meu carro?

[Bilac]:

Perdão,

Eu bati o carro.

“E agora, José?”

E por causa desse acidente,

Que ocorreu de repente,

No período da manhã

Os mosqueteiros não conseguiram

Buscar a Francisca Júlia D’Artagnan.

[Francisca Júlia]:

Mas não é possível!

Não acredito

No que fizeram comigo.

Vou ter que ir de ônibus mesmo!

Tiago Salpin
Enviado por Tiago Salpin em 20/08/2023
Reeditado em 20/08/2023
Código do texto: T7866246
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